quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Darfur

CONFERÊNCIA LÍBIA RELANÇA OPTIMISMO
A conferência internacional sobre o roteiro de paz para o martirizado Darfur que decorreu este fim-de-semana na capital líbia, terminou com uma nota de optimismo.
«Estamos muito felizes porque este encontro terminou com uma mensagem, forte de paz e o início de negociações. Penso que agora vemos a luz no fundo do túnel», disse Jan Eliasson, enviado especial da ONU para o Darfur que partilhou a presidência do evento com Salim Ahmed Salim, o seu homólogo da União Africana (UA).
Said Djinnit, Comissário da UA para a Paz e Segurança, disse que os movimentos rebeldes do Darfur mostram vez mais a vontade de reatar o diálogo com Cartum e que o mês de Setembro deve ser crucial, MISNA noticia.
A declaração final da conferência de Tripoli revela que de 3 a 5 de Agosto os enviados especiais da ONU e da UA vão-se encontrar em Arusha, Tanzânia, com os líderes rebeldes que se recusaram a assinar o Tratado de Paz para o Darfur, de Maio do ano passado.Jan Eliasson está optimista que o Governo do Sudão e os grupos rebeldes do Darfur se sentem à mesa das conversações de paz em Setembro.
A Conferência Internacional sobre o Darfur juntou diplomatas da ONU, da UA, da Liga Árabe, da União Europeia e de 18 países.

Pe. José Vieira

Vidas Reais


Samia Ramadan, 5 anos. Chora e pergunta todos os dias pelos irmãos que foram mortos pelos janjauid em Buram.
Zinat Abdu, 3 anos, diz que a casa onde vive agora é muito pobre comparada com aquela em que vivia em Bulbul e que no campo de refugiados de Kalma não tem ovelhas nem cabras para guardar e brincar… nem leite.
Abd el Wahab e a Raqui, 7 ou 8 anos, trabalham com e como os adultos à entrada do campo refugiados de Kalma a fazer tijolos: «Quero trabalhar aqui, fazer e vender muitos tijolos para fazer uma casa para mim e meus avós.» Os seus pais e resto da família foram mortos pelos janjauid.
Ramadan estava prestes a casar com Leila quando vieram os janjauid… Destruíram, queimaram e levaram-lhe a querida noiva que nunca mais chegou a ver. Depois de dois anos Leila ainda estará viva? Talvez escrava?
Abdu e Hachim bateram à porta da missão de Nyala era quase meia-noite. Afoitei-me e fui abrir. «Pedimos protecção por esta noite», dizem. Quase que falam ao mesmo tempo e têm pressa de entrar. «Os amigos dos jaunjauid sabem que estamos aqui na cidade». Abdu e Hachim fugiram de Greida onde se luta há 4 dias. Apareceu uma alma amiga que lhes deu guarida e protecção porque sabia o perigo que tanto eles como eu corríamos. Na manhã seguinte partiram para o sul. São sulistas e cristãos.
Jamal viu-me à entrada do seu campo de refugiados em Kalma e perguntou: «Porque não multiplicais os esforços sanitários aqui? Falta de tudo, mas ao menos se houvesse algumas latrinas haveria muito menos risco de infecções e cólera…» É perigoso parar à entrada de um destes campos, eu sei. Mas eu queria ouvir alguém, falar, partilhar esperanças, pobrezas e riquezas. Que as há. De uma e outra parte. Num e noutro sentido.
Pe. Feliz Martins

Darfur

Diplomacia do gato e do rato
A Secretária de Estado Norte-Americana disse ontem que é tempo de acabar com a diplomacia do gato e do rato do Sudão sobre o Darfur.
«Temos que nos manter resolutos para acabar com o sofrimento e a violência no Darfur. Já morreram pessoas de mais, demasiadas mulheres foram violadas, demasiadas crianças foram separadas das suas famílias», Condoleezza Rice disse aos participantes de uma reunião conjunta da Organização dos Estados Americanos e da União Africana em Washington DC.
«Não podemos deixar o Governo do Sudão continuar este jogo da diplomacia do gato e do rato, prometendo e depois negando. É nossa responsabilidade como nações de princípios, como democracias de princípios, obrigar o Sudão a prestar contas», a Dr.ª Rice advertiu.
Entretanto, Grã-bretanha, França e Gana prepararam o esboço de uma resolução sobre a força híbrida de paz da ONU e da União Africana para o Darfur.
A força vai chamar-se UNAMID e terá cerca de 26 mil elementos entre militares, polícias e civis. Deverá estar operacional do início de 2008 e terá um mandato inicial de um ano.
Pe. José Vieira

Darfur

© Lusa
AGENTES HUMANITÁRIOS SOB VIOLÊNCIA CRESCENTE
Os agentes humanitários operam no Darfur sob condições de violência crescente e em Junho a situação piorou dramaticamente, indica o relatório sobre segurança de uma agência caritativa presente na província ocidental do Sudão.
Durante o mês passado, foram registados 30 incidentes classificados de sérios e bandidos armados e milícias lançam ataques violentos diários contra organizações não governamentais, escreve o diário londrino «The Independent». No ano passado a média era de 10 ataques por mês.
O relatório denuncia que duas pessoas foram mortas e cinco feridas durante os ataques, 28 agentes humanitários sequestrados e 35 viaturas roubadas, baleadas ou sequestradas.
Em 2006, o Governo de Cartum assinou o Acordo de Paz para o Darfur com uma facção rebelde. O acordo, contudo, não parou a violência. Pelo contrário, o conflito piorou. No último ano mais de meio milhão de Darfurianos procurou refúgio em campos de deslocados internos. Os campos atingiram a lotação máxima, mas os deslocados continuam a chegar diariamente, agências humanitárias alertam.
No Darfur, há cerca de 14 mil agentes humanitários a trabalhar para mais de 80 agências internacionais de ajuda, a maior operação humanitária jamais montada pela ONU.
Pe. José Vieira

Darfur

NAÇÕES UNIDAS E UNIÃO AFRICANA ORGANIZAM CONFERÊNCIA
As Nações Unidas (ONU) e a União Africana (UA) estão a organizar (mais) uma conferência internacional para avaliar o novo plano de paz para o Darfur que devia levar a uma nova fase de negociações com todas as forças envolvidas no conflito.
Radhia Achouri, porta-voz da Missão das Nações Unidas no Sudão (UNMIS) revelou antes de ontem em Cartum que a conferência decorre em Tripoli, Líbia, a 15 e 16 de Julho sob a presidência conjunta da ONU e UA.
Treze países foram convidados para a conferência: Chade, Egipto, Eritreia, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, França, Rússia e Grã-bretanha), Canadá, Holanda, Noruega, Líbia e, claro, o Sudão.
A União Europeia e a Liga Árabe também foram convidadas.
Entretanto, a ONU e a UA destacaram a Eritreia e o Governo autónomo do Sul do Sudão como possíveis mediadores para as futuras negociações de paz no Darfur entre os rebeldes e Cartum.
Em Maio do ano passado o governo do Sudão assinou o Acordo de Paz do Darfur (DPA) com uma facção do Exército de Libertação do Sudão (SLA) em Abuja, Nigéria. O DPA não trouxe paz ao Darfur. Pelo contrário, a oposição a Cartum passou de dois movimentos (SLA e JEM) para uma dúzia de grupos e facções.
Pe. José Vieira

AS PROMESSAS DE PARIS

A Conferência Internacional sobre o Darfur, que decorreu em Paris a 25 de Junho, terminou com uma mão cheia de promessas e pouco mais.
A comunidade internacional prometeu redobrar esforços para pôr termo ao conflito que começou em Fevereiro de 2003 e já fez mais de 200 mil vítimas e para cima de dois milhões de deslocados e refugiados.
Condoleezza Rice, a Secretária de Estado norte-americana, voltou a ameaçar o Sudão, com novas sanções caso Cartum não permita dentro de emio ano o estabelecimento de uma força híbrida das Nações Unidas (ONU) e da União Africana (UA) para parar com o genocídio no oeste sudanês.
O enviado especial da China ao Sudão afirmou que o presidente sudanês «está pronto para negocial a qualquer hora e em qualquer lugar.»
O ministro francês dos negócios estrangeiros, Bernard Kouchne, defendeu a importância de uma solução política para o conflito e anunciou que em Setembro um «grupo de contacto alargado» vai-se encontrar à margem da Assembleia Geral da ONU para discutir o Darfur.
A França pôs de lado 10 milhões de euros para apoiar a Missão da União Africana no Sudão (AMIS em inglês). A Espanha prometeu 5 milhões de euros para a força híbrida ONU/UA e outro tanto em ajuda humanitária. A União Europeia reservou mais 31 milhões de euros para ajudar os darfurianos.
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou no final da conferêcia que «como seres humanos e políticos, devemos resolver a crise do Darfur. O silêncio mata. Temos que mobilizar a comunidade internacional para dizer “Basta!”».
Pe. José Vieira

LÍDERES MUNDIAIS DISCUTEM DARFUR

Líderes mundiais incluindo Estados Unidos, China, Rússia e Japão, vão reunir com representantes da ONU e da União Europeia em Paris na segunda-feira para discutir a situação no Darfur, anunciou o ministério francês dos negócios estrangeiros.
Representantes dos Estados Unidos, Grã-bretanha, Canadá, Dinamarca, Egipto, Alemanha, Itália, Holanda, Noruega, Portugal e Suécia confirmaram a participação na Conferência de Paris.
A União Africana e o Sudão muito provavelmente ficam de fora em protesto por não serem previamente consultados sobre a iniciativa.
O encontro é organizado pelo recém-eleito presidente francês, Nicolas Sarkozy. Pretende juntar todos os países envolvidos no conflito do Darfur juntamente com a China para discutir uma solução política e questões humanitárias e de segurança, explicou a agência AFP.
Pe. José Vieira